Recentemente, em uma palestra, falava sobre cultura organizacional e, naturalmente, sobre valores nas empresas. Palavrinha corriqueira das consultorias de recursos humanos, e companheira fiel de outras duas: missão e visão. Não há como negar que, ironicamente, o que mais se percebe atualmente é uma crise de valores nas empresas.
Já disse diversas vezes e repito incansavelmente que empreender é mais do que construir um patrimônio. Acredito que existe um propósito maior do que esse, como promover mudanças realmente importantes e significativas no mundo. Começar pensando em valores, pode ser um bom caminho.
Valor significa força e sua posição deve ser tão estratégica para a cultura organizacional quanto um objetivo é para um plano estratégico. Uma empresa que, apesar de repleta de bons números, pouco conversa sobre si, sobre seus conflitos e sobre suas necessidades de amadurecimento não será sustentável e nem causará mudanças significativas.
Um dos principais papeis de um líder está justamente em promover as mais profundas reflexões. Aquelas sobre integridade, respeito, ética, generosidade, responsabilidade e comprometimento. Como disse Cortela, em “Qual é a tua obra”, este é o conjunto determinante de princípios que inspiram nossas ações diariamente. Uma empresa é, sem dúvida, um dos melhores lugares para se construir a consciência e o comportamento necessários ao verdadeiro transformar e impactar sociais.
Bastam algumas poucas visitas para encontrar quadros e mais quadros com as definições mais bonitas que uma boa redação pode escrever. Espalhados nas salas dos escritórios, nos websites, no papel de parede, nos banners e nas paredes das fábricas como símbolos do fracasso que é o velho ditado do “por fora bela viola, por dentro pão bolorento” pode produzir. Sinal forte de que o discurso e a prática estão mais distantes do que nunca.
As consequências disso estão em toda parte. Internamente, empresas cada vez mais ocas, vazias de propósito e realização. Imaturas, seguem vivendo de acordo com as “regras do mercado” e “leis da sobrevivência”. Esquecem-se que são feitas de pessoas e, como tal, necessitam de amadurecimento, sustento e energia. Caro líder, é no valor e na virtude que você vai encontrar o melhor nutriente para desenvolver sua equipe.
Uma cultura baseada em valores é forte, madura e consciente. Uma cultura que conversa sobre valores, promove impactos reais e sabe a que veio. O contrário disso abre espaço para vícios, ou seja, fraqueza, vazio e anomia. E não há do que ter medo neste sentido, pois apesar de ser um caminho complexo e cheio de desafios, é onde encontraremos novas perguntas, aquelas que realmente importam para promover os resultados que realmente importam. A força que está em falar de valores é justamente aquela que precisamos para transformar o discurso em prática, o potencial em potência e o sonho em realidade.
Anderson Siqueira
Educador e idealizador da Consense Educação para as relações
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